Deverão existir técnicos especializados em desenvolvimento local? Qual o papel de um agente de desenvolvimento?
Em Portugal, surgem alguns cursos relacionados com o DL, principalmente ao nível das pós-graduações e dos mestrados. Mas então, qual é o perfil de um agente de desenvolvimento local? Quais as suas funções? Poderá um animador desempenhar o seu papel? Estas são algumas questões que se podem focar quando falamos de formação para o Desenvolvimento Local no âmbito da Animação Sociocultural.
Em primeiro lugar, dever-se-á dizer que o DL não é prática exclusiva de uma determinada classe de profissionais, dado que poderá abranger diversas áreas revelando-se como uma prática multidisciplinar.
Vachon (VACHON, Bernard (2000); Agente de Desenvolvimento: Jardineiro do Desenvolvimento Local; Revista A REDE para o desenvolvimento local; Jan/Mar.) afirma que “o desenvolvimento local é por definição um projecto de parceiros”, logo, o agente de desenvolvimento local é alguém que é capaz de reunir os recursos para a comunidade engrenar e prosseguir o seu desenvolvimento.
O mesmo autor, enumera algumas das capacidades que um agente de desenvolvimento local deverá ter: “Sensibilidade, dom do diálogo e da concertação, fé no ser humano, capacidade de ouvir, curiosidade, abertura à inovação, desembaraço perante a mudança, a capacidade de gestão de um projecto, aptidões para o trabalho em equipa”.
Mª Elsa BASTOS e Eduarda NEVES (BASTO, Mº Elsa; NEVES, Eduarda (1993). Animação Comunitária – o que é? Como se faz? Quem faz?; Animação Comunitária - Favorecedora do desenvolvimento, Porto, Edições ASA.), apresentam o animador como alguém que: acredita que a sociedade pode e deve mudar, tem um agudo sentido das responsabilidades, tem a ousadia de tomar decisões, é paciente e lúcido, exerce sobre si e sobre os outros e sobre a sociedade uma análise critica constante, tem uma imaginação viva e criadora, tem de estar atento e conhecer os problemas do país e do mundo, contribuiu para a realização integral dos indivíduos, incentiva os cidadãos a serem responsáveis e intervenientes na vida em comunidade, contribui para a qualidade de vida das pessoas, desencadeia as suas acções com a população, conhece os hábitos, tradições e religião da comunidade com quem vai trabalhar e é sensível aos problemas dos outros e da sociedade;
Quando analisamos estes dois perfis, logo nos apercebemos das grandes semelhanças que existem ao nível das competências destes dois técnicos, podendo então dizer que um animador poderá ser, sem dúvida, um agente de DL.
A Animação enquanto promotora da tomada de consciência participativa e criadora das comunidades no processo da sua própria organização e luta (Direcção Geral dos Assuntos Culturais;Ministério da Educação e da Cultura de Portugal), e Desenvolvimento Local, enquanto forma de desenvolvimento pensada para uma determinada localidade e que tem por base as vontades e os saberes daqueles que vão estar directamente envolvidos no processo, promovendo desta forma a participação da população, podem ser dúvida estar associados, quer pelas práticas quer pelos valores de lhes estão associados: solidariedade, participação, valorização de potências. Será arriscado afirmar, mas na maioria das suas práticas a animação estará voltada para o desenvolvimento territorial, e local, nos mais diversos espaços e com as mais variadas populações.